5 erros que comprometem a qualidade do leite em pó

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Produzir leite em pó de alta qualidade é o objetivo de toda planta industrial que atua nesse segmento. No entanto, mesmo em unidades com estrutura robusta, pequenas falhas em etapas críticas comprometem a estabilidade do produto final, geram retrabalhos e, em muitos casos, perdas irreversíveis. Conhecer os principais pontos de falha é essencial para garantir um processo seguro, eficiente e com alta produtividade. A seguir, apresentamos os 5 erros mais comuns que afetam a qualidade do leite em pó – e como evitá-los.

1. Contaminação cruzada por resíduos de produto anterior

A ausência de validação do CIP e a troca de produtos sem segregação adequada estão entre as principais causas de contaminação cruzada. Esse erro compromete diretamente a composição do leite em pó, podendo resultar em desvio de parâmetros legais, alteração de sabor e presença de microrganismos indesejados. Para prevenir esse cenário, é essencial estabelecer critérios de validação da limpeza, com amostragens representativas e swabs que assegurem a ausência de resíduos. Em situações onde não há limpeza entre trocas de produtos similares, recomenda-se definir previamente um setup operacional validado da planta, que considere o histórico microbiológico e físico-químico, garantindo segurança e conformidade nos lotes subsequentes.

2. Instabilidade térmica no spray dryer

Variações  na temperatura de entrada e saída do secador comprometem a formação correta das partículas e favorecem a formação de pó escurecido, grumos e até odor residual. A instabilidade térmica também impacta a atividade de água e a solubilidade. O ideal é utilizar sensores confiáveis e manter calibração periódica dos instrumentos críticos, com alarmes automáticos para variações acima de ±2 °C nos pontos de controle estabelecidos.

3. Alta carga microbiana na matéria-prima

Mesmo após a pasteurização, uma carga microbiana elevada na matéria-prima pode favorecer a formação de biofilmes, contaminações pós-processo e dificuldades na conservação do leite em pó. A origem, normalmente, está em falhas de ordenha, transporte e estocagem do leite cru. A solução envolve monitoramento rigoroso da matéria-prima com base nas Instruções Normativas nº 76 e 77 do MAPA, bem como incentivo a programas de pagamento por qualidade junto aos fornecedores.

4. Controle ineficiente da umidade final

Leite em pó com umidade acima do especificado é sinônimo de baixa estabilidade, risco de empedramento e aumento de atividade microbiológica. O controle da umidade final deve ser preciso e validado em tempo real. A falta de correlação entre os resultados laboratoriais e o comportamento durante a estocagem revela a necessidade de ajustes no ponto de corte do leito fluidizado e testes de estabilidade acelerada, principalmente em produtos destinados a regiões com alta umidade relativa do ar.

5. Falta de segregação no envase e armazenamento

Mesmo um leite em pó com boas propriedades físico-químicas pode se degradar rapidamente se armazenado incorretamente. Temperaturas elevadas, contato com oxigênio e embalagens mal seladas são erros fatais. É essencial dispor de áreas climatizadas para o envase, controlar o tempo de residência do produto na torre e monitorar a temperatura nos silos, além de realizar testes periódicos de integridade de embalagem e shelf life real.

Conclusão

Garantir a qualidade do leite em pó exige atenção a detalhes muitas vezes negligenciados. Erros simples podem gerar grandes prejuízos, tanto econômicos quanto em reputação. Ao dominar os pontos críticos listados neste artigo, sua indústria estará mais preparada para evitar perdas, aumentar a eficiência e entregar um produto final estável, seguro e de alta aceitação no mercado. Para entender melhor o processo completo de produção e os tipos de leite em pó disponíveis no mercado, recomendamos também a leitura do artigo “Leite em pó: como é feito, tipos e qualidade”, que complementa este conteúdo com uma visão ampla e técnica.

Foto de Marcos Nazareth

Marcos Nazareth

Mestrando, Professor de química pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e técnico em Laticínios pelo Instituto Laticínios Cândido Tostes. Entusiasta da internet e informação. Gerente Industrial | Empreendedor | Investidor

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