Como recuperar produtos químicos do CIP e reduzir custos?

compartilhe

compartilhe

Nos laticínios, o CIP (Cleaning in Place) é um dos processos mais críticos — e também um dos que mais impactam o custo operacional. O alto consumo de água, energia e produtos químicos, somado ao tempo de parada das linhas, afeta diretamente a produtividade.

Para quem vive a rotina de fábrica, essa é uma dor conhecida: como manter a limpeza rigorosa sem desperdiçar recursos?

🔒 Este conteúdo continua abaixo.

A resposta está na evolução dos processos automatizados de limpeza e recuperação de soluções químicas, que unem sustentabilidade, eficiência e controle em tempo real.

Da limpeza tradicional ao processo automatizado

Nos sistemas tradicionais, a limpeza ocorre em ciclos fixos, independentemente do grau de sujidade. O resultado é previsível: desperdício de soda cáustica, água e tempo produtivo.

Com o CIP inteligente (Smart CIP), sensores de condutividade, turbidez, temperatura e fluxo ajustam o processo automaticamente, garantindo a limpeza ideal com o mínimo necessário de insumos.
É um exemplo claro de como a automação está otimizando processos industriais em laticínios.

Recuperação de produtos químicos no CIP: como funciona

Uma das inovações mais relevantes é a recuperação de soluções cáusticas por filtração por membranas. Com a tecnologia de nanofiltração (NF) — resistente a pH alto e projetada para condições CIP — é possível recuperar mais de 90% da solução de limpeza gasta, mantendo sua concentração e eficiência.

Essas soluções, normalmente compostas por 2 a 4% de hidróxido de sódio (NaOH), acumulam proteínas, açúcares e corantes após sucessivos ciclos. A aplicação de ultrafiltração (UF) remove as impurezas coloidais, enquanto a nanofiltração separa compostos de baixo peso molecular, permitindo o reaproveitamento da soda purificada na própria linha de CIP.

Além de economizar produtos químicos, esse processo reduz drasticamente o volume de efluentes e o custo de neutralização.

Essa tecnologia — já aplicada em sistemas industriais de empresas como a GEA — combina automação e separação física, permitindo reutilizar soluções de limpeza várias vezes sem comprometer a qualidade sanitária.

Como funciona o processo de regeneração de soluções CIP

1️⃣ A solução CIP contaminada (2–4% NaOH, com proteínas e açúcares) é enviada a um tanque principal via sistema de bypass.
2️⃣ Passa por uma etapa de ultrafiltração (UF), que remove impurezas coloidais e sólidos suspensos.
3️⃣ Em seguida, entra na nanofiltração (NF), onde corantes e moléculas de baixo peso molecular são retidos no retentado.
4️⃣ O permeado — solução cáustica purificada — retorna à linha de CIP na mesma temperatura e concentração originais (até 70 °C).

O resultado é uma solução regenerada pronta para uso, com o mesmo desempenho químico e microbiológico, porém com custo ambiental muito menor.

Monitoramento e rastreabilidade

Além de eficiência, os sistemas inteligentes oferecem rastreabilidade completa. Cada ciclo de limpeza é registrado, permitindo auditorias e validação de desempenho. O controle digital também facilita o cumprimento de normas como a Instrução Normativa nº 77/2018 do MAPA, que exige condições higiênico-sanitárias monitoradas e registradas.

Benefícios diretos da recuperação química no CIP

Desafios e perspectivas

A principal barreira à adoção do CIP inteligente com recuperação química está na integração com sistemas mais antigos. Porém, soluções modulares e plug-and-play estão tornando a transição viável, inclusive em plantas de médio porte.

Nos próximos anos, a tendência é unir a regeneração por membranas com análises preditivas e inteligência artificial, permitindo prever quando cada linha precisará de limpeza com base em dados históricos e sensores em tempo real.

Conclusão

A recuperação de produtos químicos no CIP redefine o conceito de limpeza industrial: transforma uma etapa cara e passiva em um processo circular, eficiente e sustentável.

Ao combinar nanofiltração, automação e rastreabilidade, os laticínios podem reduzir custos, cumprir legislações e diminuir drasticamente o impacto ambiental.

Os que adotarem essa tecnologia primeiro estarão um passo à frente na transição para uma indústria mais limpa e inteligente.

🔗 Quer entender mais sobre eficiência e inovação nos laticínios?
Acompanhe outros conteúdos da categoria Processos no Derivando Leite e veja como a tecnologia está transformando cada etapa da produção.

Foto de Marcos Nazareth

Marcos Nazareth

Mestrando, Professor de química pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e técnico em Laticínios pelo Instituto Laticínios Cândido Tostes. Entusiasta da internet e informação. Gerente Industrial | Empreendedor | Investidor

Comente abaixo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Rolar para o topo