Poucos nomes são tão respeitados na história da pecuária brasileira quanto o do Dr. Enoch Borges de Oliveira Filho. Veterinário, professor, gestor público e pioneiro na Fertilização In Vitro (FIV) em bovinos, ele foi uma das vozes mais influentes na modernização da cadeia do leite e da carne no Brasil — do melhoramento genético ao controle de qualidade.
Nascido em Campo Grande (MS), Enoch construiu uma carreira dedicada à ciência e à política sanitária, transformando práticas rurais em sistemas técnicos de inspeção e qualidade. Sua trajetória representa a ponte entre o leite “rústico” dos anos 1970 e o leite controlado, rastreável e seguro que conhecemos hoje.
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Da sala de aula ao campo: a formação de um líder técnico
Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e mestrado na UFMG, Dr. Enoch sempre acreditou que o conhecimento só tem valor quando aplicado. Sua atuação inicial, junto a produtores familiares, mostrava um traço marcante: o compromisso com a assistência técnica de base científica, algo raro à época.
Ainda nos anos 1980, ele introduziu metodologias de controle de mastite e qualidade do leite cru, antecipando práticas que só seriam normatizadas nacionalmente décadas depois. Essa visão precoce o destacou como especialista em higiene e tecnologia do leite, tornando-se referência em programas públicos de melhoria da qualidade.
O papel pioneiro na construção das normas de qualidade
Dr. Enoch Borges teve papel decisivo na implementação das primeiras Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) voltadas ao leite — em especial a IN 51/2002, posteriormente substituída pela IN 76/2018 e IN 77/2018, que modernizaram o padrão de qualidade e identidade do leite cru refrigerado e pasteurizado no país.
Em diversas entrevistas e eventos técnicos, ele reforçava que “não existe leite bom sem gestão de qualidade na fazenda”, frase que se tornou quase um lema entre veterinários e laticinistas.
Além da atuação técnica, Enoch liderou programas de capacitação de fiscais federais agropecuários, aproximando a academia e a indústria — algo essencial para que o cumprimento das normas ocorresse com base em ciência, não apenas em fiscalização punitiva.
A visão integradora: ciência, gestão e produtores
Um dos grandes méritos do Dr. Enoch foi compreender que o leite brasileiro só seria competitivo se houvesse integração entre pesquisa, extensão e indústria. Por isso, ele incentivou fortemente a adoção de programas de Boas Práticas Agropecuárias (BPA) e Boas Práticas de Fabricação (BPF) nas propriedades e laticínios.
Seu trabalho junto à Embrapa Gado de Leite, Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) e diversas universidades federais fomentou uma geração de pesquisadores e profissionais que hoje ocupam cargos-chave em laboratórios de controle de qualidade e programas de certificação.
Ele também defendia a capacitação contínua do veterinário de campo, incentivando a especialização em áreas como microbiologia do leite, análises físico-químicas e biossegurança.
Inovação e política pública: o DNA do progresso
Durante sua passagem por cargos públicos, Enoch foi um dos articuladores da Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite (RBQL), estruturando um sistema nacional de diagnóstico rápido que permitiu padronizar parâmetros de CBT (Contagem Bacteriana Total) e CCS (Contagem de Células Somáticas).
Sob sua liderança técnica, muitos estados brasileiros implementaram laboratórios equipados com tecnologias de infravermelho e automação analítica, reduzindo o tempo entre a coleta e o resultado das análises — um avanço crucial para o pagamento por qualidade.
Essa visão estratégica, de que a qualidade precisa ser mensurável para ser valorizada, ajudou a transformar o modelo de remuneração por litro em modelo de remuneração por mérito, beneficiando produtores comprometidos com boas práticas.
O legado humano e profissional
Mais do que um técnico, Dr. Enoch foi um mentor. Orientou dezenas de mestres e doutores, inspirou cooperativas e consolidou a imagem do veterinário como agente de transformação social e produtiva no campo.
A visão do Dr. Enoch não se limitou à qualidade do produto final. No campo da Genética e Manejo Animal, ele é reconhecido internacionalmente como o pioneiro na aplicação da Fertilização In Vitro (FIV) em rebanhos bovinos no Brasil. Seu trabalho, que rendeu a ele um prêmio da Sociedade Internacional de Tecnologia de Embriões (IETS), foi essencial para acelerar o melhoramento genético do gado leiteiro nacional, garantindo animais mais adaptados e produtivos.
Sua dedicação extrapolava as fronteiras da técnica: acreditava que o leite era, antes de tudo, um símbolo de confiança entre quem produz e quem consome.
Após décadas de atuação, deixou um legado que continua moldando políticas públicas, currículos acadêmicos e práticas industriais.
Conclusão – Um nome que virou referência
Falar de qualidade do leite no Brasil sem mencionar Dr. Enoch Borges de Oliveira Filho é ignorar parte essencial da nossa história sanitária e produtiva.
Ele foi o elo entre a tradição do produtor e a inovação tecnológica que move o setor hoje. Um homem que acreditou que a ciência não deveria ser um luxo, mas um direito — e que o leite brasileiro poderia, sim, alcançar o padrão dos melhores do mundo.
Me conta, você conhecia a contribuição do Dr. Enoch Borges de Oliveira Filho?
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