Caseína é a principal proteína encontrada no leite, compondo aproximadamente 80% das proteínas no leite de vaca. Ela está presente como micelas — estruturas coloidais que desempenham funções nutricionais e tecnológicas. A caseína é amplamente estudada não apenas por sua função na nutrição, mas também por sua relevância em aplicações industriais, biomédicas e científicas.
Estrutura e Funções Básicas
A caseína é composta por diferentes subtipos (αs1, αs2, β e κ-caseína), que, em conjunto, formam micelas estabilizadas por cálcio e fosfato. Essas micelas são essenciais para o transporte de cálcio e fósforo em alta concentração, sendo altamente biodisponíveis, especialmente para neonatos.
Além disso, a digestão da caseína no intestino libera peptídeos bioativos com propriedades imunomodulatórias, antioxidantes e antimicrobianas.
Aplicações Biomédicas e Tecnológicas
Nos últimos anos, a caseína tem sido aplicada em diversos campos:
- Saúde óssea: Peptídeos derivados da caseína, conhecidos como caseinofosfopeptídeos (CPP), têm demonstrado aumentar a biodisponibilidade de cálcio, ajudando na prevenção de deficiências e no fortalecimento ósseo.
- Sistemas de liberação de fármacos: A biocompatibilidade da caseína permitiu seu uso na nanotecnologia para transporte de medicamentos. Nanopartículas de caseína demonstraram eficácia no direcionamento e liberação controlada de agentes terapêuticos;
- Regulação imunológica: Peptídeos derivados da caseína têm potencial antileucêmico, promovendo a diferenciação de células malignas e regulando a resposta inflamatória.
Inovações Recentes
- Hidrólise e bioatividade: Técnicas modernas permitem o isolamento de novos peptídeos bioativos da caseína com funções terapêuticas específicas. Por exemplo, estudos identificaram peptídeos que promovem a cicatrização de feridas em ratos diabéticos.
- Fibras de caseína: Desenvolvimentos no uso de fibras carregadas de caseína mostraram eficácia em regeneração tecidual e tratamento de feridas, destacando seu potencial aplicação em biomedicina.
- Prevenção da obesidade: Dietas à base de caseína demonstraram alterar positivamente a microbiota intestinal, promovendo bactérias benéficas e regulando genes relacionados à prevenção da obesidade.
Conclusão
A caseína vai além de uma proteína nutricional no leite. Suas propriedades bioativas e sua aplicação em diferentes campos destacam sua relevância crescente. Desde a nutrição infantil até inovações na medicina regenerativa, a caseína continua sendo uma área de grande interesse científico e tecnológico.