Implantação do SGQ na Prática: Etapas, Dicas e Ferramentas

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Garantir a qualidade na indústria de laticínios não é apenas uma exigência legal — é um diferencial competitivo essencial. Um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) bem estruturado ajuda a reduzir perdas, aumentar a confiança dos clientes e assegurar a conformidade com normas rigorosas.

Veja um resumo prático das etapas do SGQ:

A seguir, mostramos um passo a passo prático para estruturar ou revisar o seu sistema de qualidade.

1. Diagnóstico: entenda onde você está

Antes de propor melhorias, é fundamental conhecer a situação atual. Para isso, é necessário:

  • Mapear os processos existentes

  • Avaliar os métodos de controle e registros utilizados

  • Identificar gargalos e falhas recorrentes

  • Analisar indicadores de qualidade (se disponíveis)

Ferramentas úteis: fluxogramas, entrevistas com colaboradores, análise SWOT.

Dica prática: Use uma planilha com as colunas “Processo”, “Responsável”, “Riscos associados” e “Registros existentes” para organizar as informações de forma clara.

2. Comprometimento da liderança: o SGQ começa no topo

Sem o apoio da alta gestão, o SGQ vira apenas burocracia. A liderança deve:

  • Participar ativamente desde o diagnóstico

  • Aprovar recursos para treinamentos e melhorias

  • Estar presente nas reuniões de Análise Crítica

Foco: Mostrar o custo da não qualidade — devoluções, desperdícios, reclamações e perda de mercado.

3. Estrutura documental: simples, funcional e realista

Documentação é essencial, mas deve refletir a realidade da planta. Os documentos fundamentais incluem:

  • Política da Qualidade

  • Manual da Qualidade (objetivo e direto)

  • Procedimentos Operacionais Padrão (POPs)

  • Instruções de Trabalho

  • Registros (checklists, formulários, relatórios)

Referência útil: A norma ISO 9001:2015 fornece diretrizes claras sobre a estrutura de documentação de um Sistema de Gestão da Qualidade e pode ser usada como base para adaptação à realidade da indústria de laticínios.

4. Treinamento: conhecimento na prática

Um sistema bem desenhado só funciona se a equipe estiver capacitada. Treinamentos devem ser:

  • Planejados (com cronograma anual)

  • Registrados formalmente

  • Avaliados quanto à eficácia (testes ou observações)

Sugestão: Realize treinamentos curtos, focados em um único ponto — por exemplo, “como preencher corretamente o checklist de higienização”.

5. Monitoramento: medir para melhorar

Para comprovar que o SGQ funciona, é preciso acompanhar dados. Indicadores recomendados:

  • Número de reclamações de clientes

  • Ocorrência de não conformidades por setor

  • Efetividade das ações corretivas

  • Tempo médio de liberação de produtos

Ferramentas úteis: gráficos de Pareto, folhas de verificação, relatórios mensais por setor.

6. Ações corretivas: aprender com os erros

Não conformidades devem ser tratadas como oportunidades de melhoria. O processo inclui:

  • Registro e investigação das falhas

  • Identificação das causas (use ferramentas como o Diagrama de Ishikawa ou os 5 porquês)

  • Definição e acompanhamento das ações corretivas

Cultura saudável: Estimule a equipe a relatar problemas sem medo. Isso fortalece a qualidade.

7. Auditorias e Análise Crítica: rever, ajustar e evoluir

Auditar é verificar se os processos estão sendo seguidos — e se ainda fazem sentido. Após cada ciclo, revise:

  • A adequação dos documentos

  • A eficácia dos controles

  • Necessidades de atualização

Importante: Realize uma Análise Crítica baseada em dados e proponha melhorias reais.

Conclusão: qualidade se constrói todos os dias

Na indústria de laticínios, onde as exigências sanitárias são altas e os riscos microbiológicos são reais, um SGQ bem implementado não é opcional — é essencial. Mais do que uma exigência, é uma ferramenta estratégica que gera segurança, eficiência e confiança.

Leitura complementar recomendada:

👉 BPF, APPCC e certificações na prática: entenda como se conectam

👉 Certificações e normas globais para laticínios: por onde começar

Foto de Marieli Rosseto

Marieli Rosseto

Doutora e mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, graduada em Tecnologia de Alimentos e Agronegócio. Especialista em Qualidade, Segurança de Alimentos e Educação Inclusiva, atua como especialista de processos na indústria de soro de leite e professora na área de qualidade no setor lácteo. Na pesquisa, dedica-se ao desenvolvimento de soluções sustentáveis para a indústria de alimentos, como filmes biodegradáveis a partir de resíduos. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8172882358532158

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