Leite sem tratamento térmico é seguro? FDA aprova tecnologia UV

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Desde Louis Pasteur, há 150 anos, o tratamento térmico do leite define segurança e saúde pública. Hoje, a FDA avançou ao reconhecer, em 9 de junho de 2025, que um processo não térmico, representado pelo método TruActive® da Tamarack Biotics, atinge padrões equivalentes de segurança ao eliminar patógenos – abrindo caminho para inovação sem calor.

O que diz a FDA

A agência confirmou que o TruActive® aplicado a ingredientes secos como whey protein concentrate e lactoferrina cumpre os requisitos de eliminação de pelo menos 5 log de patógenos, equiparando-se à pasteurização térmica. Inicialmente restrita a pós e concentrados, a tecnologia poderá, segundo a empresa, ser estendida a iogurte, queijos e leite fluido até 2027.

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Limitações da pasteurização térmica

O tratamento térmico convencional (≈ 72 °C por 15 segundos) elimina bactérias e vírus, mas danifica enzimas, proteínas bioativas e altera sabor. Também consome bastante energia e dificulta processos “clean label”.

Como funciona o TruActive®

Em vez de calor, o TruActive® expõe filme fino de leite a radiação ultravioleta germicida, mantendo temperaturas abaixo de 50 °C. O resultado: inativação eficaz de agentes patogênicos sem destruir nutrientes sensíveis.

Preservação de nutrientes e funcionalidades

  • Enzimas, imunoglobulinas e proteínas bioativas: mais de 90% preservados, ao passo que na pasteurização variam em torno de 8%.

  • Estudos na Europa associam leite cru a menor incidência de alergias em crianças – apontando para produtos lácteos menos processados.

  • Pesquisa da UC Davis mostrou que concentrado de proteína tratado com TruActive® restaurou sinais imunológicos em idosos.

Sustentabilidade energética

A Tamarack Biotics aponta que o TruActive® consome menos energia que métodos térmicos — embora a viabilidade dependa da análise completa de CAPEX, OPEX e custos de manutenção em larga escala.

Desafios para adoção ampla

  • Infraestrutura: como adaptar plantas médias ou cooperativas para a tecnologia UV.

  • Investimento inicial: equipamentos especializados podem limitar adoção foram de centros tecnológicos.

  • Regulamentação global: aprovação nos EUA ainda precisa ser replicada em mercados como União Europeia, China e Japão.

  • Aplicação em leite fluido: aguarda decisão regulatória futura, apontada para até 2027.

Impacto no comércio global

Países exportadores – como Brasil, Uruguai, Nova Zelândia e Irlanda – podem usar o TruActive® para criar produtos premium com alto valor agregado. Sem adaptação, empresas podem perder espaço em mercados que valorizam segurança, nutrição e sustentabilidade.

Equilíbrio entre tradição e inovação

O TruActive® não substitui de imediato a pasteurização térmica, mas oferece uma nova rota para segmentos que exigem máxima qualidade:

  • Produtos biofuncionais e nutracêuticos, alinhados ao consumidor clean label;

  • Fabricantes conscientes, dispostos a investir em processos de ponta;

  • Reguladores e distribuidores, diante de um padrão global emergente.

Conclusão

A aprovação do TruActive® pela FDA é sim um marco – mas, acima de tudo, é um ponto de partida para debates fundamentais:

  1. Quem arcará com a modernização das plantas?

  2. Como os órgãos internacionais reagirão (EFSA, China, Japão)?

  3. Onde e para quem isso será relevante?

Um novo capítulo se abre na história das tecnologias leiteiras — e os líderes do setor precisam agir com visão para não ficar de fora de uma revolução em curso.

Foto de Marcos Nazareth

Marcos Nazareth

Mestrando, Professor de química pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e técnico em Laticínios pelo Instituto Laticínios Cândido Tostes. Entusiasta da internet e informação. Gerente Industrial | Empreendedor | Investidor

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