A pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, foi agraciada com o Prêmio Mundial da Alimentação 2025, a mais alta distinção internacional dedicada a contribuições notáveis para a segurança alimentar. Concedida pela World Food Prize Foundation, a premiação homenageia líderes cuja trajetória transforma a agricultura em um instrumento de combate à fome, promovendo inovação, regeneração ambiental e sustentabilidade.
Com sólida formação em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP e doutorado em Ciência do Solo, Mariangela é hoje uma das maiores autoridades mundiais em fixação biológica de nitrogênio (FBN) — processo natural que dispensa fertilizantes nitrogenados sintéticos ao incorporar bactérias benéficas às raízes das plantas.
Sua contribuição foi decisiva para o desenvolvimento de novas estirpes de Bradyrhizobium, como Bradyrhizobium embrapense e Bradyrhizobium tropiciagri, amplamente aplicadas em leguminosas tropicais e sistemas de integração lavoura-pecuária, incluindo pastagens utilizadas na alimentação de ruminantes.
Graças a essas tecnologias, o Brasil tornou-se líder mundial em inoculação de sementes, alcançando ganhos expressivos em produtividade agrícola e eficiência ecológica — especialmente nas culturas de soja, milho e forragens tropicais.
Do solo ao leite: impactos na cadeia produtiva
A restauração de solos degradados e o aumento da qualidade nutricional das forrageiras têm efeitos diretos sobre a base alimentar de rebanhos leiteiros. Sistemas que integram inoculação bacteriana em pastagens têm apresentado aumento da biomassa, maior absorção de nutrientes e melhor desenvolvimento radicular, contribuindo para uma pecuária leiteira mais produtiva e ambientalmente responsável.
Esses avanços refletem um impacto transversal da ciência: da planta ao animal, da microbiologia ao leite — demonstrando como soluções tecnológicas bem fundamentadas podem beneficiar toda a cadeia agroalimentar.
Liderança e protagonismo feminino na ciência agropecuária
Com mais de 500 publicações científicas, Mariangela Hungria é membra titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mundial de Ciências. Sua atuação se destaca não apenas pelo impacto técnico e ambiental, mas também por representar o avanço da liderança feminina na ciência — em um setor historicamente marcado por desafios de representatividade.
Sua trajetória reforça o papel essencial das mulheres na construção de um modelo agrícola inovador, regenerativo e baseado em princípios biológicos.
Um legado de equilíbrio, inovação e pertencimento
Oreconhecimento internacional concedido a Mariangela Hungria transcende sua notável contribuição individual: ele simboliza a força da ciência brasileira, enraizada no território e comprometida com o futuro global. Suas descobertas mostram que é possível produzir alimentos com eficiência e respeito ao meio ambiente, transformando a agricultura em uma aliada da vida.
É uma mulher. Me representa. Representa o Brasil. Representa o futuro da agricultura que queremos ver florescer.