Nos últimos anos, a European Hygienic Engineering & Design Group (EHEDG) vem atualizando suas diretrizes para garantir que o design higiênico de equipamentos acompanhe os desafios modernos de segurança de alimentos. Dois documentos lançados recentemente — o Guideline 42 (centrífugas de discos) e a segunda edição do Guideline 44 (instalação de equipamentos em fábricas de alimentos) — trazem mudanças significativas para a indústria de laticínios. Mais do que recomendações técnicas, esses guias sinalizam um movimento global rumo à integração entre engenharia, higienização e gestão de riscos. Afinal, em laticínios, pequenas falhas no design significam grandes vulnerabilidades em termos de qualidade, perdas de produto e risco de recalls.
Guideline 42 – Centrífugas de disco e a nova abordagem de cleanability
As centrífugas são pilares no processamento de leite, creme e soro. O EHEDG Guideline 42 coloca foco no que até então era subestimado: a limpabilidade real desses sistemas. O documento detalha requisitos para eliminar zonas mortas, otimizar o fluxo de CIP e reduzir tempo de inatividade, destacando:
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Geometria interna: curvas suaves e ausência de pontos de acúmulo.
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Materiais: superfícies resistentes à corrosão e compatíveis com detergentes alcalinos e ácidos.
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Integração com CIP: verificação validada de que todo ponto da centrífuga é atingido pelas soluções de limpeza.
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Testes de higienização: uso de marcadores químicos e microbiológicos para comprovar a eficácia da limpeza.
O impacto para os laticínios é direto: garantir segurança e estabilidade de produtos com alto teor de gordura e proteína, como leite em pó e queijos, reduzindo riscos de biofilmes persistentes e incrustações.
Guideline 44–2 – Instalação de equipamentos em versão ampliada
Enquanto o Guideline 42 olha para dentro do equipamento, a nova versão do Guideline 44 amplia o escopo para como os equipamentos são instalados no chão de fábrica. Entre as atualizações:
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Tubulações e drenagem: inclinação mínima revisada para evitar estagnação.
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Posicionamento de equipamentos: acesso facilitado para inspeção e manutenção, reduzindo risco de contaminação cruzada.
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Interfaces homem–máquina: foco em ergonomia e barreiras que evitam contato desnecessário com áreas críticas.
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Transições de pisos, paredes e suportes: ênfase em superfícies contínuas, sem frestas ou pontos de difícil higienização.
Na prática, isso significa que não basta o equipamento ser EHEDG-certified: se a instalação não segue as boas práticas, todo o conceito de higiene é comprometido.
Implicações para a indústria de laticínios
Esses guias não são apenas para engenheiros de projeto — impactam diretamente qualidade, custos e acesso a mercados internacionais. Alguns pontos críticos:
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Competitividade: mercados europeus e asiáticos exigem cada vez mais a comprovação de desenho higiênico.
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Redução de perdas: melhorias de cleanability reduzem tempo de CIP, consumo de água e produtos químicos.
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Auditorias e certificações: normas como FSSC 22000 e BRCGS já incorporam princípios de design higiênico; as diretrizes da EHEDG fortalecem esse alinhamento.
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ROI industrial: investir em equipamentos e instalações que seguem esses guias reduz custos ocultos com paradas não planejadas, retrabalho e descarte de lotes contaminados.
Conclusão
A atualização dos guias EHEDG mostra que o desenho higiênico deixou de ser diferencial e se tornou pré-requisito de mercado. Para laticínios, isso significa repensar não apenas a compra de equipamentos, mas também a forma como eles são integrados na planta. Quem investir em alinhamento agora estará um passo à frente em termos de segurança, sustentabilidade e credibilidade internacional.
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