Kefir, kombucha ou coalhada: qual a diferença?

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Nos últimos anos, muita gente passou a olhar com mais atenção para os alimentos fermentados. E isso não aconteceu por acaso. Com a busca crescente por produtos mais naturais, saudáveis e que realmente tragam algum benefício, itens como kefir, kombucha e coalhada ganharam espaço nas prateleiras — e na rotina de quem prioriza bem-estar. Cada um tem sua particularidade, seu modo de preparo, seu público. Neste guia, você vai entender o que diferencia esses três fermentados e, de quebra, descobrir como começar a produzir com segurança, qualidade e dentro das exigências legais.

Etapa 1: Entenda o que são alimentos fermentados

Fermentar é permitir que os microrganismos façam o trabalho deles — e façam bem feito. Bactérias e leveduras transformam os açúcares dos alimentos em ácidos, gases ou álcool, dando origem a produtos com sabor único, textura diferente e várias vantagens para a saúde. É a natureza atuando no detalhe.

👉 Quer aprofundar o tema? Leia também: Lácteos fermentados: sabor e saúde

Etapa 2: O que é Kefir?

    • Origem: Regiões do Cáucaso

    • Base: Leite ou água

    • Fermento: Grãos de kefir (conjunto simbiótico de bactérias e leveduras)

    • Tempo de fermentação: Entre 12 e 24 horas

    • Sabor: Ácido, suave e ligeiramente gaseificado

    • Benefícios: Rico em probióticos, contribui para o equilíbrio intestinal e fortalecimento da imunidade

    • Mercado: Muito procurado por quem busca alimentação saudável ou versões veganas (no caso do kefir de água)

    • Dica de produção: Utilize potes de vidro e colheres de plástico ou inox. Evite o alumínio

    • Legislação: Pode seguir a IN nº 46/2007 do MAPA, que trata do regulamento técnico para leite fermentado

Etapa 3: O que é Kombucha?

    • Origem: China, há mais de 2 mil anos

    • Base: Chá preto ou verde, sempre adoçado

    • Fermento: SCOBY — cultura simbiótica de bactérias e leveduras

    • Tempo de fermentação: De 7 a 15 dias, dependendo da temperatura e do sabor desejado

    • Sabor: Refrescante, ácido e com leve efervescência natural

    • Benefícios: Fonte de ácidos orgânicos, vitaminas e probióticos

    • Mercado: Em crescimento, com espaço para versões premium e saborizadas

    • Dica de produção: Controle o pH com atenção (deve ficar entre 2,5 e 3,5) e cuide bem da higiene

    • Legislação: Não possui RTIQ próprio, mas deve atender à IN nº 41/1999 (MAPA) para bebidas e à RDC nº 275/2002 (Anvisa) sobre boas práticas. Se ultrapassar 0,5% de álcool, entra na categoria de bebida alcoólica

Etapa 4: O que é Coalhada?

    • Origem: Bastante presente em países do Oriente Médio e no interior do Brasil

    • Base: Leite integral, geralmente de vaca

    • Fermento: Culturas lácteas como Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus

    • Tempo de fermentação: De 6 a 12 horas

    • Sabor: Levemente ácido, textura firme e cremosa

    • Benefícios: Fonte natural de cálcio, proteínas e probióticos vivos

    • Mercado: Ainda pouco explorado, mas com grande potencial em linhas artesanais e gourmet

    • Dica de produção: Fermente a cerca de 42 °C e mantenha a temperatura constante durante o processo

    • Legislação: Segue o RTIQ de leite fermentado (IN nº 46/2007 do MAPA)

Etapa 5: Comparativo prático entre os três fermentados

Etapa 6: Boas práticas de fabricação artesanal

  • Higienização é essencial: Lave bem e, se possível, esterilize todos os frascos, colheres e utensílios antes de começar. Isso evita contaminações e garante um fermentado seguro.
  • Controle a temperatura certa para cada produto: Kefir, kombucha e coalhada têm faixas ideais de fermentação. Respeitar essas temperaturas faz toda a diferença no sabor, na textura e na segurança.
  • Use utensílios separados para cada tipo de fermentado: Nada de misturar. O que é do kefir, fica com o kefir. Isso evita que bactérias e leveduras se cruzem entre os produtos.
  • Rotule tudo corretamente, principalmente se for vender: Informe sempre os ingredientes, data de fabricação e prazo de validade. Isso passa confiança e cumpre com boas práticas.
  • Faça testes sensoriais e de pH: Observe cheiro, cor e sabor, mas também use tiras ou medidores de pH. Eles ajudam a confirmar se a fermentação correu como esperado.

Etapa 7: Por onde começar no mercado de fermentados?

    • Defina o seu público: quer trabalhar com saúde, com bem-estar ou com produtos gourmet?

    • Faça testes em pequena escala: comece com receitas simples, ofereça para amigos e colete feedback

    • Invista na apresentação: rótulo bonito, frasco adequado e uma boa história ajudam na venda

    • Regularize sua produção: siga as boas práticas (RDC 275/2002), registre seus produtos e consulte o serviço de inspeção da sua cidade ou estado

    • Traga inovação com identidade: sabores regionais, combinações inusitadas ou versões adaptadas (como veganas) podem te diferenciar

Conclusão

Kefir, kombucha e coalhada não são só modinhas. São alimentos vivos, ricos em cultura (literalmente) e cheios de possibilidades. Seja para consumo próprio ou para empreender, conhecer bem cada um, aplicar boas práticas e respeitar a legislação são passos fundamentais para ter sucesso.

Produzir fermentados é dar vida aos alimentos. Agora só falta dar vida ao seu projeto também.

Foto de Marcos Nazareth

Marcos Nazareth

Mestrando, Professor de química pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e técnico em Laticínios pelo Instituto Laticínios Cândido Tostes. Entusiasta da internet e informação. Gerente Industrial | Empreendedor | Investidor

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