Padronizar não é trair suas raízes.
É honrá-las.
Cada leite ordenhado, cada mão que molda a massa, cada tempo de cura: tudo isso carrega a sua assinatura.
Mas qual é o sentido de ter uma identidade se ela muda a cada lote?
É hora de fazer um manifesto: o direito de ser artesanal com excelência
A verdadeira tradição não está em repetir defeitos.
Ela está em oferecer ao mundo, vez após vez, o melhor que você é capaz de criar.
Quem confunde “artesanal” com “acaso” mata o próprio futuro. Porque a arte do queijo não é improviso: é repetição consciente e aprimorada.
E o seu queijo? Ele conta essa história em cada mordida?
Aliás, a própria Lei nº 13.860/2019, que regulamenta a produção de queijos artesanais no Brasil, reconhece que o artesanal deve valorizar métodos tradicionais aliados às boas práticas agropecuárias e de fabricação:
“Considera-se queijo artesanal aquele elaborado por métodos tradicionais, com vinculação e valorização territorial, regional ou cultural, conforme protocolo de elaboração específico estabelecido para cada tipo e variedade, e com emprego de boas práticas agropecuárias e de fabricação.”
Padronizar, portanto, não só protege a alma do queijo como também garante que seu trabalho esteja alinhado à lei e ao futuro do mercado.
Ser constante é ser respeitado
Quando você padroniza, você cria confiança.
O cliente que compra seu queijo quer reviver a experiência da primeira mordida.
Quer indicar para amigos, quer lembrar do seu nome.
E essa confiança só nasce quando cada pedaço carrega a mesma alma — a mesma essência, ainda que com a beleza natural das variações artesanais.
Como padronizar sem perder a alma
Padronizar não significa robotizar.
Significa definir procedimentos descritos e práticas consistentes para aquilo que realmente importa:
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Boas Práticas de Fabricação (BPF): adotar higiene rigorosa, manipulação segura e rastreabilidade eficiente (saiba mais aqui).
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Controle de pH: medir, registrar e monitorar padrões de qualidade.
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Controle de cura: estabelecer e cumprir tempos e condições de maturação.
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Padronização das culturas: utilizar fermentos de perfil conhecido e estável.
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Rastreabilidade de lotes: contar a história de cada queijo, do campo à prateleira.
O que precisa de controle técnico e o que preserva a autenticidade
Aspectos que exigem controle técnico:
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Acidez (pH): medir é garantir a segurança e a textura adequadas.
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Cura: estabelecer tempos e condições de maturação para consistência do sabor.
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Fermentação: selecionar culturas específicas para manter o perfil do queijo.
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Procedimentos de produção: ter processos descritos e aplicados de maneira regular.
Aspectos que preservam a autenticidade:
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Variações sutis de textura: a identidade artesanal aceita nuances naturais.
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Diferenças discretas de casca: reflexo do ambiente e da maturação tradicional.
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Notas aromáticas únicas: resultado natural da microbiota da queijaria.
Dicas extras para a padronização inteligente
- Descreva todos os processos críticos: desde a escolha do leite até a embalagem.
- Crie registros simples: use cadernos, planilhas ou aplicativos.
- Treine quem trabalha com você: não existe padronização sem equipe alinhada.
- Reavalie seus procedimentos periodicamente: queijo artesanal também evolui.
O que diferencia um produtor comum de um queijeiro inteligente? Saiba mais em O queijeiro inteligente faz isso — você faz?
Padronizar é eternizar
Seu avô fazia queijo. Seu pai fazia queijo. Você faz queijo.
E se você quiser que seu neto ainda encontre esse sabor no futuro, será preciso mais do que paixão: será preciso consciência, técnica e respeito.
Padronizar é fazer com que sua história não se perca no tempo.
Seja o guardião da sua própria história
Cada queijo que você entrega é uma promessa.
Padronizar é honrar essa promessa — lote após lote.
Assuma com orgulho a responsabilidade de ser artesanal.
Deixe que o mundo sinta sua paixão — traduzida em qualidade, orgulho e legado.